A cigarra
Estranho e singular destino o teu!
Um canto que soluça ou que gargalha!
Um corpo que se rompe e se estraçalha,
Em holocausto ao filho que nasceu.
Que é lagarta já, dentro do chão,
Que irá crescendo e irá se evoluindo
E outra cigarra, então, irá surgindo
Para cantar no ermo, em solidão...
Depois... A mesma estória... o mesmo fim!
As notas que modulam, qual clarim,
Prenunciando a morte que vem vindo...
Em vão ao tronco do arvoredo agarras.
És como as cordas de frágeis guitarras
Que, a um simples percutir, vão se partindo!...
Abril de 1961.