Inquietude
A naufragar me sinto a cada instante,
No mar de inquietações que me crucia...
Nasceu minh’alma p’ra viver errante,
Ou sucumbir em funda nostalgia...
Deter não queiras, nunca, a correnteza...
O furacão que, furioso, corta,
Enchendo de terror e de tristeza
A humanidade e a natureza morta!
As águas se acumulam... Geme o vento...
Minh’alma dentro em mim já não agüento,
E na amplidão meu pensamento erra...
Rompa-se o dique... O furacão liberta...
A porta de minh’alma deixa aberta...
Ou rola o corpo, inerte, sobre a terra...
Janeiro de 1961.