FILOSOFANDO
Ao lado seu estou, plantinha, como sempre,
Para estender-lhe minha mão fraterna e amiga,
Matando sua sede enquanto a terra é quente
E o vento seco e forte os ramos seus fustiga...
Mas, amanhã crescida, deitará raízes
Várias, profundas, fortes, a lhe dar sustento
Para que suba, livre, aos céus, com seus matizes,
Desconhecendo a seca e ironizando o vento...
Então, à sua sombra, quando o sol a pino,
Cansado e suarento, qual guri traquino,
Descansarei, fitando, além, o infinito!...
E minha pena, qual punhal luzente e em riste,
Nas mãos de um desvairado que em sonhar persiste,
Registrará na alvura do papel meu grito.
Outubro de 1965.