ENCANTAMENTO
Tão logo vi teus olhos, namorei-os.
Neles, além de histórias, li ternura.
Amei esquadrinhar-te e dar passeios
pelas folhas da tua partitura.
Assim, teu texto – braços, rosto, seios –,
todo o teu corpo, como que pintura
de um artista moderno, põe meneios
nos meus olhos devassos de loucura.
Mais que tente reler somente a arte
que o teu livreto corporal transmite,
por mais esforços de quedar-me à parte,
sem confundir-te o amigo com o amante,
o meu encantamento não se omite
e pede amor concreto, a fim que eu cante.
Fort., 23/11/2008.