Vá, saudade...

Saudade minha parte para onde

Começa a minha longa e dura estrada

Procura e encontrarás a minha amada

A minha infância que por lá se esconde...

Pisa com calma, devagar, de leve...

Ela dormita sobre um lindo berço,

Entre lençóis de linho, tendo um terço

No colo branco e puro como a neve...

Pode dizer-lhe, então, destas mudanças...

Das minhas dores e desesperanças...

Dos dias meus amargos e tristonhos...

Que o mundo conspurcou minha pureza...

Matou minha inocência e, com rudeza,

Estrangulou os meus dourados sonhos...

Escrito em Maio de 1963.