Angústia
Cravou-te a angústia sua garra adunca.
Por isso, hoje, em recordar insistes
As horas de amargura, as horas tristes,
Não te lembrando das alegres, nunca!
Chego a pensar, até, que não me amas...
Que sempre fui demais em tua vida
E que não foste para mim nascida,
Daí calar-me quando tu reclamas.
Sofro, deveras, sem perder a calma...
Silente, amargo meu triste viver,
Sentindo em mim estrangular-se a alma...
Dentro em meu ser a dúvida persiste:
Serei na tua angústia, ao morrer,
A tua hora mais amarga e triste?!
Escrito em Junho de 1961.