Pensando em ti

Pensando em ti vou sonetando, agora.

A noite é alta e tudo está silente...

Minh’alma se desprende e airosamente

Nas dobras do passado se alcandora.

Vejo-te moça, bem mocinha, ainda.

Despreocupada, alegre, ingênua e casta,

De tez morena, cabeleira basta

E olhar tranqüilo. Como eras linda!

Trazias n’alma um turbilhão de sonhos.

No peito o amor a insinuar risonhos

Esplendorosos dias, quais uns mimos!

Não sei se os sonhos teus matei, querida.

Se a chama tens do amor inda acendida,

Ou se eu e o mundo te desiludimos...

Escrito em Fevereiro de 1963.