A BRIGA DAS FLORES (Lucas Candelária)
Lucas Candelária
O lírio branco, um dia, contundente,
Gritou à força plena dos pulmões:
- A rosa é vil, escrava, inconseqüente,
Cheia de espinhos, cheia de ambições!
E a rosa, do seu trono, descontente,
Retribui às tolas agressões:
- Lírio, você parece puro e ausente
Mas traz n’alma um brejal de podridões.
E a violeta, que ouvira toda a briga,
Meiga como é, calada, humilde e amiga,
Deitou nos ares os dulcíssimos olores.
O lírio e a rosa, nobres, decantados,
Percebendo o vexame, envergonhados,
Esconderam-se, então, das outras flores!