Sentindo a vida

A indiferença que me inspira a vida

E o destemor que, pela morte, eu sinto,

Nasceram deste amor, jamais extinto,

Ante o fragor da humana e dura lida.

A vida, para mim, tem um sentido

Que vai além do pão, além do teto,

Dessa opulência que eu repulso e veto,

Num mundo amargurado e deprimido.

A vida, para mim, é coração!

É alma que se veste de emoção!

É um sonho lindo! Um delicado esporte!

Um mundo de ilusões! Uma cadeia

Feita de amor, ternuras a mancheia,

Que eu creio prosseguir além da morte.

Escrito em Janeiro de 1963.