ALUMBRAMENTO

Ainda agora eu lhe diviso os traços:

vejo-a, nítida, rosto sorridente,

estátua grega, nua, à minha frente,

e, num depois, mulher, cá nos meus braços.

Matéria prima, colo transparente,

do coração a martelar-me os passos,

ela desperta instintos e devassos

frissons em mim, e medo, à minha mente.

E, nos meneios com que todo arde

meu corpo, lá nas suas formas nuas,

há qualquer coisa de sensual na tarde.

Aquela fêmea, jeito tão de charme,

ferve como um vulcão em larvas cruas,

no esplendor luxuriante e vil da carne.

Fort., 15/11/2008

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 15/11/2008
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