FECHADURA

FechaDura

© Lílian Maial

A chave do soneto é a poesia

que as portas do meu peito não comportam.

Se arrombas meu umbrais de fantasia,

os versos do miolo sempre entortam.

No molho dessas chaves tenho a guia,

que afrouxa as emoções que me recortam.

A lua, vil chaveiro, desconfia.

À noite, só estrelas me confortam.

É na palavra, dura realidade,

forjada em aço, tola veleidade,

que a fechadura não gira direito.

Que seja a dor, a única a se abrir,

e em cada verso eu possa ver partir

o teu amor, trancado em outro peito.

***************