POR ENTRE OS DEDOS
POR ENTRE OS DEDOS
Lílian Maial
O mal que nos fizemos não foi tanto,
que um peito, de paixão, não se definha.
Tua voz de rouxinol, um acalanto...
pras noites sem o olhar que me adivinha.
Não me causaste medo, só o espanto,
de um arrepio intenso pela espinha.
O amor, que revelavas com teu canto,
se fez na tua mão por sobre a minha.
Por que levaste a voz e o doce olhar,
restando a melodia, em coro triste,
num eco me deixando quase louca?
Por que titubeaste em me tocar?
Talvez temendo que eu não resistisse?
Por que não exploraste a minha boca?
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