SONHO CARENTE
Eu vejo,'cega', um amor que não existe.
O beijo pega um ardor que persiste.
Ah, se eu fosse cega e pudesse enxergar...
O anseio que hoje me pega
e que me convida a beijar,
amanhã, não mais me pega
como que se num despertar.
Mas, é que isso é uma poesia,
mas, é que isso é um carinho,
que, nessa vida arredia,
gira como num moinho...
Romântica, dou asas a imaginação.
Sou o colibri, nunca pouso no chão.
Ah, se eu fosse cega e pudesse enxergar...
Escrito em 1987.
* Arte: Escansão em tercetos decassílabos, interpolados por quartetos septassílabos. Rimas alternadas nos quartetos (ABAB) e emparelhadas nos tercetos (AAB).
CRUZ, Ana da. Sonho Carente. In Ao meu Amor. Belo Horizonte: Mazza, 1997. RGBN. 433.912
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