Vultos
Olho da janela a escuridão sombria
Da noite negra pela chuva tomada
E vejo um vulto me olhando da estrada,
Olhando quieto, sem dizer que queria.
E naquele escuro brilharam os olhos do vulto
Na noite negra dos negros dias primeiros,
Fui tomado cada parte e depois por inteiro
Pela dor da morte e do saber adulto.
E o vulto me olhando então sorriu
E na escuridão da noite negra entrando
Nas nuvens de chuva então partiu.
Penso agora, parado nesta chuva fria
Que fora eu vulto solitário olhando
Minha própria vida morta e vazia.