SONETO À MODA DO ABERDEEN

SONETO À MODA DO ABERDEEN

Nem do vão tombadilho o manso pegureiro

Nem o expungir do sangue escravo da memória

Nem o calar dos ferros no convés negreiro

Nem o silêncio tetro nos porões da História...

Nem mesmo ao fogo-morto o buzo do terreiro

Nem a oblação de Roma em toda a sua glória

Nem Prometeu remido ao brado condoreiro

Nem a paixão do Gólgota de amor à escória...

Nem as vozes d’América pelo infinito

Nem o condor do céu mandando um novo grito

Nem a dor de Ahasverus fausta de perdão...

Nem que algum dia o próprio Deus ouça e responda...

Não haverá embuço que a vergonha esconda

Depois de cinco séculos de escravidão...

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 29/10/2008
Código do texto: T1253649
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