SONETO À MODA DO ABERDEEN
SONETO À MODA DO ABERDEEN
Nem do vão tombadilho o manso pegureiro
Nem o expungir do sangue escravo da memória
Nem o calar dos ferros no convés negreiro
Nem o silêncio tetro nos porões da História...
Nem mesmo ao fogo-morto o buzo do terreiro
Nem a oblação de Roma em toda a sua glória
Nem Prometeu remido ao brado condoreiro
Nem a paixão do Gólgota de amor à escória...
Nem as vozes d’América pelo infinito
Nem o condor do céu mandando um novo grito
Nem a dor de Ahasverus fausta de perdão...
Nem que algum dia o próprio Deus ouça e responda...
Não haverá embuço que a vergonha esconda
Depois de cinco séculos de escravidão...
Afonso Estebanez