ANJO BOM



Parceiro de meus sonhos indormidos,
em meio à noite, à bruma madrugada,
ao violão, em dós e sustenidos,
solava versos para a minha amada.

Na minha voz os fados mais sentidos
falavam da mais triste romançada,
quanto uma meretriz, pela calçada,
chorou-me d’alma dramas já vividos.

Da casa assobradada, nem um som.
Minha amada a dormir por certo estava,
encastelada em meio ao edredom.

Enquanto fados tristes decantava,
senti roçar meu corpo um anjo bom:
a triste meretriz, que me beijava. 

Odir, em passagem noturnal de quinta-feira