DESENCANTO - Soneto
Nas flores de açafrão, o sentimento:
Das mãos, dos lábios, que um dia as tocaram;
Dos corpos que sobre a relva se amaram;
Dos amores vividos, e o tormento.
Do sol primaveril, se fez o inverno:
Frieza travestida de acalanto,
Que murmura ao herói funéreo pranto:
Os amores da alcova, o seu inferno.
Ó maldito desejo que bendito,
Desse amor e do seio em que me encanto;
De frêmita vontade, estou aflito.
Ai das flores. Do amor, hoje é o pranto,
Que se ouve dos lábios do contrito:
- Meu Deus, do canto heróico o desencanto.
Moses Adam
F.V., 17.10.2008