SONETO À SOMBRA DE NIETZSCHE

SONETO À SOMBRA DE NIETZSCHE

Hoje não quero nada de ninguém!

Nem compaixão, nem flores, nada enfim...

Tudo se esquece ou é ilusão. Porém,

eu sei que Deus vai-se lembrar de mim.

Passa o amor e fica esse desdém

nas sombras fugidias do meu fim...

Ah, pássaros que emigram para além

do amor que é gêmeo, mas não é afim...

Não quero nada. Nada! Nem lembrança

nem presente ou promessa ou esperança

nem vago instante que pareça festa...

Quero apenas que Deus me dê a graça

de brindar em silêncio numa taça

a glória de viver do que me resta!

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 21/10/2008
Código do texto: T1239940
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