SONETO À SOMBRA DE NIETZSCHE
SONETO À SOMBRA DE NIETZSCHE
Hoje não quero nada de ninguém!
Nem compaixão, nem flores, nada enfim...
Tudo se esquece ou é ilusão. Porém,
eu sei que Deus vai-se lembrar de mim.
Passa o amor e fica esse desdém
nas sombras fugidias do meu fim...
Ah, pássaros que emigram para além
do amor que é gêmeo, mas não é afim...
Não quero nada. Nada! Nem lembrança
nem presente ou promessa ou esperança
nem vago instante que pareça festa...
Quero apenas que Deus me dê a graça
de brindar em silêncio numa taça
a glória de viver do que me resta!
Afonso Estebanez