Velho, sou eu

Sou apenas alguém, um viajante ser,
Que chegou ao mundo para conhecer,
Aprendendo, cedo, que amar se deva,
Já que dele, dito certo, nada se leva.

Sou o menino que brincou ao anoitecer,
Sou o sol que sorri em todo amanhecer,
Sou quem sente o frio no dia que neva,
E nestas brancas tardes os olhos enleva.

Neste crepúsculo das minhas memórias,
O menino sonhou, o homem trabalhou,
E como velho já não tenho mais glórias,

Elevou-se a poeira, pelos cantos se espalhou,
Choro sozinho diante do que represento,
Perito, mas aos outros, sei que sou tormento. 



(Ao que representam nossos idosos, força sábia extrema, mas que deixamos de ouvi-los, experiência que nos pouparia certas decepções, se os ouvíssemos. Meus amigos, velhos na carcaça, mas jovens de espírito, Peritos pelo que acumularam nas suas vidas. Contudo um peso para muitos que acham que nunca envelhecerão, eis minha humilde homenagem
)
 
21/10/2008 00:29 - Marúcia Herculano
Boa noite, querido poeta! O processo de envelhecimento não é nada fácil quando vivemos dias de extremo culto ao corpo; à estética, à competitividade em todos os setores da vida! Deparar-se com o declínio das condições corporais, a saída do mercado produtivo, encarar perdas das mais variadas angustiam, torturam e levam à depressão! Infelizmente, a sociedade, as instituições públicas e os demais segmentos não estão preparados para a questão idoso. TEu soneto foi de uma felicidade e sensibilidade absolutas por abordar um tema tão controvertido, estigmatizado e sempre atual! Parabéns! um carinhoso abraço e que tenhas uma linda semana!
Geraldo Mattozo
Enviado por Geraldo Mattozo em 21/10/2008
Reeditado em 03/09/2018
Código do texto: T1239432
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