O LAPIS, O LIVRO E EU


Marquei o encontro: lápis, livro e eu,
em soturna e servil mesa de bar.
Da noite havia estrelas sobre o breu,
havia pontos de luz por sobre o mar.

Disse o livro: “ Pensei num apogeu,
mas ninguém se interessa em me comprar.
O editor ao tempo me prendeu:
se não vender, vão ter que me acabar! ”

Disse o lápis: “Fui eu quem o escreveu
até minha madeira se estragar,
quando todo o grafite se perdeu!”

Então me confessei: “O livro é meu.
Mas me perdi no tempo e no lugar
onde versos de amor ninguém mais leu”! 

Odir, de passagem