RELICÁRIO
RELICÁRIO
Vez por outra, abro meu relicário, há muito
Empoeirado e carcomido pelo tempo.
Depositário de minhas confidências, medos,
Meus segredos, alegrias, angústias e ilusões.
De dentro dele, retiro meu diário, de folhas
Amareladas, enrugadas, como eu mesmo,
E delicadamente, o folheio, com receio,
De que suas folhas se desfaçam em minhas mãos.
A cada folha relida, o pulsar mais forte deste
Coração, maltratado, cheio de saudades, de dor
E de há muito, fortes e empoeiradas recordações,
Mas, relembrar é viver, e ainda que sofrendo,
Também me chega a felicidade de permeio,
Mescladas de alegrias, aventuras e paixões.
Urias Sérgio de Freitas