FUGA


Vou-me embora por cantos não sabidos,
onde possa o amor cantar contente,
onde os copos de fel por mim bebidos,
tenham tonos tocantes de nepente.

Vou ver os astros noutros céus surgidos,
fazer amor, enquanto o amor me tente.
Vou ser saudade dos meus dias idos,
e ser lembrança vaga do presente.

Adeus riachos, rios, ribeirões,
adeus lagunas de profundas águas,
adeus desequilíbrio das razões.

Imagens de esquecer ainda, trago-as.
As fontes flébeis das desilusões,
onde manavam, mansas, minhas mágoas.

Odir, em passagem de noturno adeus