Soneto da Partida

Tenho mil conflitos em meu ser.

Sou pássaro na noite errante,

Sou algoz do meu último instante,

Sou meu nada e meu não saber.

Busco mil respostas na noite fria,

Busco o perdão e a luz da morte.

Devo ter talvez mais sorte

Quando for outra alma vazia.

Se o barqueiro à noite me espera

Parto logo ao seu encontro.

Mas vejo um rosto na janela.

E me deparo com o último questionar:

Subo na jangada do barqueiro esperado

Ou revivo agora e não vou pro mar?

Saiba agora, na escuridão da noite amiga

Que foi de ver teu lindo rosto

Que adiei minha partida.

Fábio Codogno
Enviado por Fábio Codogno em 08/10/2008
Código do texto: T1218256
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