Soneto da Partida
Tenho mil conflitos em meu ser.
Sou pássaro na noite errante,
Sou algoz do meu último instante,
Sou meu nada e meu não saber.
Busco mil respostas na noite fria,
Busco o perdão e a luz da morte.
Devo ter talvez mais sorte
Quando for outra alma vazia.
Se o barqueiro à noite me espera
Parto logo ao seu encontro.
Mas vejo um rosto na janela.
E me deparo com o último questionar:
Subo na jangada do barqueiro esperado
Ou revivo agora e não vou pro mar?
Saiba agora, na escuridão da noite amiga
Que foi de ver teu lindo rosto
Que adiei minha partida.