ENFURECE
Quando desdenhas a ausência de orgulho
Presumindo o meu amar tua propriedade!
Engana-te: sou a senhora dessa vontade
E posso te ofertar desprezo ou arrulho!
Acaso transmutes ternura em entulho
E eu fique à mercê da indignidade
Creia: chega ao final a dor da saudade
E desfaz-se qual frágil papel de embrulho!
Haverá algo tão ambíguo e espúrio
Quanto a entrega altiva e traiçoeira?
Ansiar a afeição sem qualquer perjúrio
Como passarinho busca a cumeeira?
E deparar-se com o vago murmúrio
Sinal de cinzas onde se foi fogueira!