No escuro
Capaz de afrontar a qualquer deus,
O amor, que é efêmero e fugaz,
Por mais que se mostre pertinaz,
Só é absoluto após o Adeus.
Tão frágil e vago, é só um véu
Que nos venda os olhos ao acaso.
Limite de vida seu é raso
E lavra ilusões como em cinzel.
Destino traçado em nossa palma
Tatua um projeto de futuro
E em sonhos consome toda a calma.
Expondo e cavando fundo o puro
Inferno no céu da própria alma.
Só se ama tateando vãos no escuro...