A AMAZÔNIA ONDE NASCI

 

 

O meu lugar nasce às margens de um rio

E se estende por extensas fronteiras

Florescendo vida sobre suas ribeiras

É fonte de cobiça e vulgar desvario!

 

Berço desse povo resoluto... bravio

Defensor das verdes matas e cachoeiras

Destemido ao perecer sob as castanheiras

Túmulo sagrado nas curvas do desvio!

 

Esquecido em folhas de mapas frios

Doa, cândido, a notável singeleza

Indômita e impenetrável realeza


Na multiplicidade dos belos atavios!

Enfraquecido, porém, na vil torpeza

Sendo perene sinônimo de luz e brios!

 

 

Não se pode defender a Amazônia sem descobrir um pouco de sua história, de seu povo, dos seus ciclos. Sob o manto verde da floresta existe a vida de pessoas que amam o lugar que os acolheu com dignidade. O verdadeiro homem amazônico – por nascimento ou escolha – é capaz de fenecer por essa terra generosa e repleta de encantos que doa fartura e esperanças.

Ao contrário do que se divulga não é o caboclo, o ribeirinho quem devasta, queima, destrói a floresta, embora, existam as exceções. Contudo, desde criança, quando a questão ecológica ainda não havia adquirido repercussão mundial e a Amazônia era pejorativamente chamada de terra de índios; ouvia os meus bisavós, avós e pais debaterem a necessidade da preservação. Eles foram seringueiros nas barrancas do Alto-Juruá e sobreviveram por gerações através da extração do látex – atividade ecologicamente correta e que representou o primeiro impulso ao desenvolvimento sustentável na Amazônia e, que, foi “engolida” pelo tecnicismo da sociedade moderna.

Tive a oportunidade de escutar comentários de que o nortista não estava apto a lidar com o patrimônio entregue aos seus cuidados, sendo esquecido o descaso com que as autoridades e a sociedade brasileira sempre trataram a região. Indignação sempre foi a minha reação.

Relembrava as aulas de Antropologia Cultural e de Claude Levi Strauss e o seu O OLHAR DISTANCIADO.

Quando esteve na Amazônia o conhecido francês afirmou: Fui em busca do selvagem e encontrei o homem.

Talvez para viabilizar a solução que garanta uma Amazônia preservada falte justamente isso: enxergar o homem que aqui vive e que também faz parte desse grandioso universo denominado A PÁTRIA DAS ÁGUAS.