PERFUME DE SAUDADE



Na poesia da noite em que te vejo
e me vejo menino anoitecido,
as minhas fantasias de desejo
versam sonhos de amor jamais sentido.

No leque dos meus dias, vaporejo
esperança ao momento não vivido.
Compartilho do chão do teu andejo,
pensando em teu pensar não compartido.

Semelhante aos que amam de verdade,
busco na noite cores de ciúme,
pois não sentir ciúme teu quem há de?

Da bruma de meus olhos foge o lume
e te faço, presente, em ser saudade,
e perfumo a saudade em teu perfume. 

Odir, de passagem