BAGOS E BEIJOS

Soltam-se cachos de raparigas
pelas vinhas prenhes de Setembro,
embalam de risos e cantigas
cachos de socalcos em requebro

sobre o rio doce onde se miram
ensaiando matizes d'ouro antigo.
Soltam-se em cores e às cepas tiram
doce manancial, farto respigo.

Ajeitando o rubor das faces sãs,
reflectem seus cantares na limpidez
do Douro, companheiro de afãs,

que lhes cobiça, ciumento, os beijos
destinados aos bagos de languidez
que os moços lhes atiram, em desejos...