AO POETA DO AMOR

Quem quer bem ao ser que tanto se admira

Vem de braços abertos, alheio a outros amores

E não percebe nem de longe alheia ira

Pincelando quadro belo de outras cores

E ao vê-lo dedicado e ancorado noutro porto

Não se ressente, pois que sabe que o poeta

Não guarda em si sentimento em peito morto

Antes, sabendo-o de todos mira-o em flecha

E o veneno tão sugado dos teus versos

Vai de alma em alma sendo consumido

Onde encontro um caminheiro tão perdido !

Vê meus olhos em teus escritos submersos

E penso, compreende a alma feminina

Que o guarda qual tesouro de uma mina !