de repente assim me vem:***
I
sou na lua uma engrenagem
que faz da noite meu dia
que faz do engenho carruagem
que faz no sonho estadia
sou na lua uma paragem
que desço e que me alumia
que de repente é voragem
(no tempo que em mim se adia)
sou na lua uma poesia
um verso de nostalgia
velozmente em minha mão
um verso - quase explosão
na solitária e tardia
noite - em que a lua é meu dia
II
sou na lua uma miragem
um pedaço a mais de sol
um tanto menos de sombra
um pedaço a mais de viagem
sou na lua um personagem
um tanto ficcional - só
a compor meus sonetilhos
enquanto meus sonhos agem
sou na lua um hemisfério
(quando nova - sou mistério)
quando poesia - sou cheia
no término da jornada
quando a cheia é dissipada
minh´alma - o poema - clareia
(São Paulo, madrugada de 20 de setembro de 2008).
*** Como explicar o surgimento da engrenagem inspiradora? Por que de repente os versos são explosões imediatas de idéias e ao papel se jogam, numa força e profundidade a desnudar-nos por completo? A nos trazer leveza? Não sei explicar a razão de nascerem versos quando só a lua me acompanha, deixo-os nascer porque é preciso o encontro com a escuridão e a luz maior da noite para se encontrar diante da vida. Essa luz que é concentrada em mínimo espaço do infinito nos pede uma cuidadosa e atenta viagem no universo antes de encontra-la. Poesia é ao término da jornada: claridade.
Tenham um domingo especial amigos e amigas recantistas, fiquemos com Deus, Alexandre!