Alma encarcerada

O astrolábio do destino já não indica a rota para viver,

O sol não alcança mais a balestilha do velho navegador,

As vidas passadas tornam-se reminiscências do sofrer,

No planisfério celeste da esfera armilar do sonho de dor.

Pungem-me os olhos já cansados de tanto criar mares,

Oceanos revoltos por correntes atingidas por tormentas.

O sextante não mais erigiu o arco do limbo das preces,

Do nauta que se põe a caminho do amor que tu lembras.

Sempre, como sempre, e por todo o sempre que viverás,

Ao meu lado ou dentro do meu coração como incêndio,

Que me devora, que me devasta, mas que mantém arras.

Memórias, verdadeiras alusões bravias tão concentradas,

Que escapam do contato de toda a nossa vã humanidade,

Enxovia sepulcral de nossas infelizes almas encarceradas.