A Velhice

Porque penetra o rumor do tempo entre as vigas

Na sala das horas deixarei meus cabelos,

Ao longo dos momentos únicos perdê-los,

Apagar meu rastro nessas poeiras antigas.

Escrever na parede essa fúria que obriga

No subsolo dos dias a romper os selos

Dos minutos errantes, soltá-los, varrê-los

Sob o sol escarlate da tarde perdida.

Eis a ruína, o altar, as ampolas de vidro,

E essa areia branca contando o que tenho sido

Nas muitas horas transparentes e erradias:

Na charneca, entre as rochas, co’imprecisos gestos

Uma forma imprecisa recolhendo os restos

Que ficam do infalível decorrer dos dias.