Os Prazeres Medonhos
Um manequim desnudo pousa em plena praia,
Enquanto vísceras queimam-se sobre as rochas.
O sangue enegrecido que escorre entre as coxas
Molha-me a boca antes que o sol decline e caia.
Dizem que há qualquer coisa escrita nesta alfaia
Com que as meretrizes velhas limpam as bocas;
Será cântico, poema ou somente toscas
Orações cuja linguagem pagã não traia?
Então se desenham seios, sexo e pranto
Sobre a nudez viril do manequim de argila,
Durante a ceia ritualística e feral.
É tão medonho esse crepúsculo, no entanto
Vemos u’a mulher melancólica e tranqüila
Que se masturba longamente com um punhal.