MÃOS DE LAVADEIRA
Abençoadas mãos rústicas de calos
Que procuram nas roupas a sujeira
E nelas deixam marcas de canseira
Entoando canções em seus embalos.
E o contato das mãos provoca estalos
Sobem, desc'em desfile à esfregadeira
Ensaboam, repassam e, na eira,
Penduram numa cerca risos ralos.
Mãos que estendem famílias no varal,
Mãos que guardam segredos sem igual,
Mãos humildes de povo sofredor.
E vão lutando contra a sina assim
Passando a vida e vão sonhando enfim
Com a ventura de embalar o amor.
Do livro Pétalas de Amor - 1990 - pág. 25 (Revisado)