"Canto de Sereia"
(Soneto n.3)
Cantarei a melodia, canção do sagrado dia.
Sim, eu cantarei as ilhas de antigamente -
tesouro dourado de uma vida bem ausente,
saído da abissal caverna, na doce maresia.
Eu sinto a tua aragem sempre fria.
Ah! Não me tires esse sol ardente.
E não te faças assim tão inclemente,
dá-me só um pouco de tua alegria.
A espuma clara vira uma onda abissal,
cerca-me e, de forma forte e verdadeira,
arrasta-me contigo ao fundo do teu mal.
Eu, que sou sereia - diferente dos peixes -
penso-te como rei de castelo d'um coral,
e imploro: nessas águas (só) não me deixes.
Silvia Regina Costa Lima
6 de setembro de 2008