Partida

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Fim do expediente. Ela sai. Cansada. Olhos mergulhados no seu próprio mundo. Consulta o celular enquanto atravessa a avenida movimentada.
Nenhum recado novo.
Reiteradas vezes, disfarçadamente, passo por ela. Fico curioso. Quero curtir o seu semblante.
Fito e me embebedo profundamente naquele olhar.
Ela me ignora.
Não imagina quem sou.
Sou apenas um transeunte comum empurrando uma bicicleta verde.
Alguns minutos de espera.
Chega o itinerante com o número estampado em sua testa.
Quintino.
Ela desaparece entre os passageiros, e, depois na confusão do trânsito.
Incontinenti, emocionado com aquele momento, escrevo o soneto que se segue:


Mais Além...


… dançavas na via negra de basalto...
Teus pés tocavam o solo de Marte,
E o coração tremia, sóbrio… Destarte,
Veloz; - numa corrida, suor e saltos…

Na espera e na chegada daquele auto,
Largo riso no aceno ao mirar-te
Fora de sintonia chorei no embarque
Vencera a silente voz, - prece do Alto…

Logo após a explosão da rua sem saída; 
- Por onde andará o ser da minha vida?!...
No encalço corri com ares de criança!

Houve convulsões sérias na partida
Sofri dura tensão na alma dorida
- Foi por amor a morte da esperança!...

 

 


Ribeirão Preto, 14 de fevereiro de 2002
13h15min