A BUSCA
No denso bosque do meu pensamento
Procuro o verso genial profundo
Que jaz adormecido em esquecimento
Como uma pedra nobre em poço fundo
Anseio aquela ideia preciosa
Que há-de tecer poema de cetim
Qual leve e subtil colcha sedosa
Urdida em tear de oiro e marfim
Mas busco-a a sós comigo e silente
Pois sei que se atrapalha receosa
Se encontra pelo caminho sons e gente
E é na calma noite misteriosa
Que ela vem possuir-me amorosa
Despindo-se de versos lentamente
Carmo Vasconcelos
(In “Despida de Segredos”)