ESPANTO
Esses rios que, nascidos da floresta,
contêm em si, o frescor puro da fonte,
não foram conspurcados, não lhes resta
levar no leito as tralhas e o que aponte
a falta de atenção do ribeirinho.
Há outros que, escorridos na cidade,
vão lentos, vão pesados e adivinho
a carga que o seu leito sempre invade.
E assim nos sobra sempre o desencanto!
Havia na floresta, sempre, tanto
de belo e bom, o início alvissareiro;
aquele sentimento do primeiro
espanto – a luz brilhante da nascente,
filtrada pelas folhas, simplesmente.
Nilza Azzi
nilzaazzi.blogspot.com.br