POBRE CORAÇAO
Pobre deste meu coração, pobre!
tenho sempre dela erma saudade;
cruel Amor, que nunca a Razão cobre
e nem ameniza a Dor, se nos invade.
Farás pra mim um soneto, amigo nobre,
que me espante d'alma tamanha iniqüidade,
que cuide de me trazer brandura e logre
entrelaçar-se verbo e flor com propriedade?
O verso bom ou mau, o escrito ou canto,
que custe ao espírito tempo e buril
torna-se o milagre de mudar o riso em pranto.
Se hoje sou senhor de minha tristeza
e meus pés inda são pedras num brasil,
mostra-me em teu canto a azúlea chama acesa!
Ao poeta e amigo Marcos Loures