Que refrigério então terei

Enquanto viva for vossa lembrança

De um gesto pudico ou de encantamento,

Seja em meu peito ou no pensamento,

Em ambos fará sempre vil pujança.

Por que de vosso amor tal mudança

Houve tão contrária a meu sustento,

Que fez que porfiasse tal tormento

Mais contrário inda à minha esperança.

Nunca mais outra vez, Senhora, ousarei

Nesta vida minha já querer-vos,

Que de vós só me lembra odioso engano.

Mas bem é contrário à vontade esquecer-vos,

Pois que refrigério então terei

Se não vos tiver mais freqüente é o dano?

Alssyno Dantas
Enviado por Alssyno Dantas em 30/08/2008
Código do texto: T1153356
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