Soneto do Amor Perdido
Outrora, noite lenta, vagava - enfim sozinha - a clara e bela dama
Andava em longos passos, traçando poucos rastros sob a neblina fria
Quem podia vê-la, nada imaginava de seu caminhar sem guia
Pura e bela flor(!), que tão pouco conhecia da tristeza de quem ama
Sofria, submersa no próprio pranto, carente de comoção tamanha
Mas seu orgulho sempre prevalecia, quando, em vez de chorar, sorria
Mesmo que sua tristeza fosse tão óbvia ao olhar de quem a via,
Guardava a dor para lamento póstumo, quando a paixão viraria chama
Infeliz e pobre coração - que, de tão egoísta, era apenado
se corresse o risco, não desperdiçaria tanta dor e sofrimento;
desgarrar-se-ia tão facilmente do engano de seus sentidos
Ah, se soubesses, moça, quantas mentiras teria, ainda, fingido?
Ou terias fugido aos braços do despudor, tolhendo teu tormento?
Entregue, assim estarias à plenitude do amor que te foi dedicado.