Soneto do Amor Perdido

Outrora, noite lenta, vagava - enfim sozinha - a clara e bela dama

Andava em longos passos, traçando poucos rastros sob a neblina fria

Quem podia vê-la, nada imaginava de seu caminhar sem guia

Pura e bela flor(!), que tão pouco conhecia da tristeza de quem ama

Sofria, submersa no próprio pranto, carente de comoção tamanha

Mas seu orgulho sempre prevalecia, quando, em vez de chorar, sorria

Mesmo que sua tristeza fosse tão óbvia ao olhar de quem a via,

Guardava a dor para lamento póstumo, quando a paixão viraria chama

Infeliz e pobre coração - que, de tão egoísta, era apenado

se corresse o risco, não desperdiçaria tanta dor e sofrimento;

desgarrar-se-ia tão facilmente do engano de seus sentidos

Ah, se soubesses, moça, quantas mentiras teria, ainda, fingido?

Ou terias fugido aos braços do despudor, tolhendo teu tormento?

Entregue, assim estarias à plenitude do amor que te foi dedicado.

Ie
Enviado por Ie em 29/08/2008
Código do texto: T1151117
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