AZAR (soneto)
AZAR
Tomando por cenário vivo esse que vejo
Nele a paixão se incendeia sem aviso
E se exerce um espetáculo a varejo
As cenas inflamam, e a paz do paraíso
Nesse tempo em que a liberdade era desejo
Parecia glorificar-se do improviso
A tal menina na alegria do gracejo
Casto, que, entretanto ultrajava-lhe o sorriso
Que a pouca idade dignava-se esplender
E o sabor do mel era como um céu estranho
Como o fel de agora engravida o entender
Não habita mais a incerteza de algum ganho
Mas a certeza de que o mal vem ofender
Por tanto inflar de triste sina um só engano