D.Pedro II - Um poeta
Quando da perda de seus dois primeiros filhos
Na Morte do meu Primogênito
" Pode o artista pintar a imagem morta
Da mulher a quem dera a própria vida.
E o amigo , na extrema despedida,
A imitar-lhe os exemplos nos exorta.
Casto e saudoso beijo inda conforta
A esposa que a ventura crê perdida;
Mas dizer o que sente a alma partida
Do pai a quem,ó Deus, tua espada corta.
A flor do seu futuro - o filho amado,
Quem o pode, Senhor? se mesmo o Teu
Só morrendo, livrou-nos do pecado!...
A terra à voz do Gólgota tremeu:
E o sangue do Cordeiro imaculado
Até o próprio Céu enegreceu!..."
Na Morte de meu Segundo Filho
" Duas vezes a morte hei sofrido,
Pois morre o pai com seu filho morto;
Para tamanha dor não há conforto,
Dilui-se em pranto o coração partido!
Para que ninguém ouça o meu gemido,
Encerro-me na sombra do meu horto,
Entregue ao pranto, ao sofrer absorto,
Querendo ver se vejo o bem perdido!...
Brota a saudade onde a esperança finda;
Sinto n´alma ecoar dobres de sinos!...
Só a resignação me resta ainda.
Coube-me o mais funesto dos destinos;
Ví-me sem Pai, nem Mãe, na infância linda,
E morrem-me os filhos pequeninos."
(Extraído do livro de Camilo Abrantes, Elogio a Dom Pedro II)
(Editora Danúbio Ltda. Santos, 1979)
Quando da perda de seus dois primeiros filhos
Na Morte do meu Primogênito
" Pode o artista pintar a imagem morta
Da mulher a quem dera a própria vida.
E o amigo , na extrema despedida,
A imitar-lhe os exemplos nos exorta.
Casto e saudoso beijo inda conforta
A esposa que a ventura crê perdida;
Mas dizer o que sente a alma partida
Do pai a quem,ó Deus, tua espada corta.
A flor do seu futuro - o filho amado,
Quem o pode, Senhor? se mesmo o Teu
Só morrendo, livrou-nos do pecado!...
A terra à voz do Gólgota tremeu:
E o sangue do Cordeiro imaculado
Até o próprio Céu enegreceu!..."
Na Morte de meu Segundo Filho
" Duas vezes a morte hei sofrido,
Pois morre o pai com seu filho morto;
Para tamanha dor não há conforto,
Dilui-se em pranto o coração partido!
Para que ninguém ouça o meu gemido,
Encerro-me na sombra do meu horto,
Entregue ao pranto, ao sofrer absorto,
Querendo ver se vejo o bem perdido!...
Brota a saudade onde a esperança finda;
Sinto n´alma ecoar dobres de sinos!...
Só a resignação me resta ainda.
Coube-me o mais funesto dos destinos;
Ví-me sem Pai, nem Mãe, na infância linda,
E morrem-me os filhos pequeninos."
(Extraído do livro de Camilo Abrantes, Elogio a Dom Pedro II)
(Editora Danúbio Ltda. Santos, 1979)