Fastio
Invade o meu olhar um sentimento,
Cruel mais do que nunca esse vazio.
E como que a zombar do meu tormento,
A sombra lá no espelho refletiu.
Fenece-se o encanto, num momento
De choro, de revolta e de fastio.
E ainda do cristal, no pensamento,
Em sepulcral tortura eu sinto o frio.
Então, encarquilhado e sem disfarce,
Acalca-me um cansaço de tal porte,
Que sinto até um alívio nesse impasse.
Igual pesar talvez não me quedasse,
Se não se parecesse com a morte
A dor que é no meu sonho o desenlace.