Soneto
Tênue pele de alabastro u'as veias expostas,
E brandos gestos que me bradam aos sentidos,
E negras noites que lhe escorrem pelas costas,
E tão vivos rubis, que almejam outros vivos.
E a ter aquele ar das mocinhas recompostas
Quando um soprar infante lhes sobre os vestidos,
Esta, de quem minh'alma sorve a si, e, enfim, gosta,
Não sabe amar, ó Deus, senão de amor esquivo.
Se é que ama. (Digo) ao menos (ou não direi menos),
Se é que já amou, por entre flores, um instante,
Ou se, de vez, deixou de amar de amor pequeno.
Sim! Desses que o bel'amor, em si, repudia
Ai, sol... Se não souber da glória dos amantes,
Como abrirá os olhos, então, par’outro dia?
Teresina, 10/01/98