LUARADA
Ela achegou-se, vaporosa e nua,
à banheira do mar, e luz se fez.
Enxugando, nas nuvens, a nudez,
vestiu-se d’ouro e transformou-se em lua.
Sobre o mar irisando o tom da tez,
vagueando os velames da falua,
conseguiu alcançar o chão da rua,
sofreando do amor a timidez.
Dos amantes o manto ela proveu
proveu de prata a cor dos namorados
beijando-lhes o branco beijo seu
E foram tantos beijos demorados,
tanto eterno de jura aconteceu,
tantos romances foram renovados,
que a lua entre nuvens se escondeu
e me excluiu do rol de apaixonados,
segregando do amor apenas eu!
Odir, de passagem