Nada
Eu mato em minha alma uma ara santa,
No que antes era já silêncio e espanto.
Tão firme e forte o brado na garganta,
Querendo diluir a dor em pranto.
Há um fogo de paixões que só me rende,
Cativa a mim, qual fosse seu refém.
E de onde vem, me diz, por que me prende?
Por que me impede de eu sentir-me alguém?
Eu sigo meu destino reservado,
Preservo a mente sã e condenada
A um mundo vão de sonho e sem pecado.
Mas trago aqui a dúvida calada:
Por que cumprir à risca o lasso fado,
Se tudo é pó e se resume a nada?