O VERBO E A FLOR
Quero, neste soneto suave e terso
ao recolher-se a tarde roxa e breve,
que palavras sejam mais que o próprio verso
que canta vosso amor tão fresco e leve.
Posto não seja eu, senhora, submerso
em vossa alma branca e pura como neve,
ingênua e graciosa, como viestes do berço,
raspa minha pena cada letra que vos deve.
O sol já veio me avisar que me ausentei de mim,
sou agora restos de espuma, partículas de aurora,
mas não penseis que me estou despedaçando!
Trina meu coração ao som de um bandolim;
cantar-vos ei a minha lira, chegada a hora,
pois verbo e flor entrelaçam-se cantando.