PÁSSARO DE METAL

Surge nos picos das altas montanhas,

Qual pássaro, voando tranquilamente,

Armação de metal, em mil façanhas,

Transporta no seu seio, tanta gente.

Sem se importar com a solidão da nuvem,

Vai riscando o céu de ponta a ponta,

Penetra sem pudor a brisa virgem,

Deflora, usa, abusa, a deixa meio tonta.

Num mágico instante cruza fronteiras,

Acorda impune, o sono das geleiras,

Rasga os primeiros clarões, no amanhecer.

Toca o chão firme antes que o sol desponta,

Pisa o solo frio, sem se dar conta,

Das vidas dependentes do seu proceder.