Soneto

Os versos da vida, folhas de outono,

São marcas deixadas, tão singulares,

No canto das páginas mais vulgares

Do tempo que rouba, à noite, o sono.

Da infância, a saudade, voz, doce tono,

Nos leva ao mais alto dos patamares;

Esse sentimento que os limiares

Ultrapassa a idade, sem abandono.

Ó saudosa infância, fase sincera,

Tempo de inocência em que o sonho impera,

Cheia de alegria, mas tão fugaz.

Agora, no olhar de desesperança,

Vivemos dos restos dessa lembrança

Que a infância de volta sempre nos traz.

Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 30/07/2008
Reeditado em 03/05/2016
Código do texto: T1104709
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