Soneto
Os versos da vida, folhas de outono,
São marcas deixadas, tão singulares,
No canto das páginas mais vulgares
Do tempo que rouba, à noite, o sono.
Da infância, a saudade, voz, doce tono,
Nos leva ao mais alto dos patamares;
Esse sentimento que os limiares
Ultrapassa a idade, sem abandono.
Ó saudosa infância, fase sincera,
Tempo de inocência em que o sonho impera,
Cheia de alegria, mas tão fugaz.
Agora, no olhar de desesperança,
Vivemos dos restos dessa lembrança
Que a infância de volta sempre nos traz.